Trinta e sete "fatos". É muita coisa. Cansativa. Vale para o leitor ler sobre estes "fatos" um por um? Vale para o cronista escrever sobre eles, em vez de algo mais divertido, como namoro adolescente em campo de nudismo?
Bem, é muito coisa. Prisão preventiva é geralmente limitada a oitenta e poucos dias, mas os quatro ficarem presos 10 meses além disso pois o caso era "complicada, com 37 fatos ...". Por via das dúvidas, pela dificuldade de entender este processo enorme, aguardaram presos.
Fazendo as contas, por cada um destes "fatos", alguém ficou um mês preso. O leitor pode achar que cada um destes "fatos" não vale 30 segundos da sua vida.
Que tal 30 dias?
Ah, mas os 30 segundos são teus, e os 30 dias, eram de outros.
Mas anteontem, um conhecido naturista de Praia do Pinho descobriu que alguém que não gosta dele, fez denúncias falsas para Disque 100. Dezembro passado, foi a vez de Nelci Rones, ex-presidente do ONG Sonata de Tambaba.
Não foi você que ficou treze meses preso, leitor. Mas poderia ter sido. E ainda poderá ser. Ainda mais se este caso for "ficar por isso mesmo", pois "é complicada".
Até quem deveria saber melhor, duvida
É estranho como uma acusação é mais fácil para o ser humano acreditar, do que a inocência. Gente que conhecia bem Fritz Louderback me asseguravam que ele era inocente - mas que André Herdy deveria estar culpado de alguma coisa. Quem conhecia bem André jurava sua inocência - mas achava que referente Fritz, "há coisa".
É outro motivo de jogar luz em todos os cantos (até 37 deles), para saber que nada se esconde nas sombras.
A dúvida na Justiça
A dúvida é importante no processo criminal. No começo, se o promotor conseguir mostrar indícios de que acusado poderia ser autor de crime, o processo vai em frente. No final, se o advogado de defesa consegue mostrar que há uma dúvida sobre a culpa do seu cliente, fica inocente.
Estamos no final. Nesta hora, o Ministério Publico precisa não de indícios, não da possibilidade de apurar o que estava "não suficientemente apurada", mas de provas. Finalmente a dúvida favorece o réu, e de dúvidas este processo está repleto.
A dúvida que fica
Não importando o veredito da Justiça, muitos sempre haverão dúvidas sobre as acusações e os acusados. É da natureza humana, mas também vem da péssima qualidade de jornalismo brasileiro. A acusação é relatado como fato, a inocentação sempre com um pé atrás, a maior parte do espaço sendo dedicado à repetir a acusação.
Além da dúvida
A dúvida basta para a acusação no começo, e para a defesa no final.
Mas a dúvida nunca é suficiente para os acusados. Passaram por muito. Tem direto à certeza.
E para nós aqui, não é suficiente. Ninguém acompanha este blog para ficar com dúvidas, mas para saber os fatos e a verdade.
O caminho é comprido e duro. Estamos chegando ao final, sem ser vencidos pelo cansaço e a preguiça, para desistir da tarefa para pedir água e sombra fresca e dizer, "Ah, é complicada".
Para ficar sem dúvidas, é preciso ver as 37 acusações uma por uma. Como estamos fazendo. Já descomplicamos as acusações sobre os jovens de Morro da Pedra: nosso primeiro passo pela lista, mostrou que 24 "fatos" significam na realidade 10 acusações com 9 vítimas que precisamos examinar.
Hoje, vamos ver a lista dos onze "fatos" com os internos do orfanato, que vamos também reduzir muito. E depois, ver um por um os que merecem ser examinados.
Aguentem firmes, e vamos ficar sem dúvidas.
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