O terreno da Colina do Sol "deveria ser loteado em imóveis individualizados para os integrantes da associação" conforme Dr. Sérgio Muller, advogado contratado por Fritz Louderback durante seu mandato breve como presidente do CNCS. Foi ele também que entrou como o pedido de indenização do clube contra SBT, este onde a sentença corrigida agora está acima de seis milhões de reais.
O desejo de Fritz Louderback de regularizar tinha oponentes, que ficaram mais ferrenhos com tempo. Porque o desejo de Fritz, e porque a oposição?
As vantagens de regularizar
Com os imóveis individualizadas, cada casa pertenceria ao seu dono, que teria sua escritura, ou seu fração ideal do condomínio. Seus direitos seriam resguardados, e sujeito aos leis do Brasil que regulam condomínios, desenvolvidos por anos de experiência, para equilibrar os interesses de todos os partes, do individual e do coletivo.
Assim, não seria mais possível pelo voto expulsar alguém e ficar com seus bens. Com a sentença no caso CNCS x SBT, tem de repente uma bolada para dividir. Dividir como? A mania da corja de CNCS de expulsar integrantes, usando até acusações falsas de pedofilia, é para ter menos gente para dividir o dinheiro.
A regularização também exigiria pesquisar as terras da Colina do Sol, e Celso Rossi falou que era 50 ou 60 hectares, enquanto sabia perfeitamente que comprou somente pouco mais de 40 hectares. O restante é invasão de propriedade alheio.
A depoimento de hoje é do advogado renomeado e desembargador aposentado Sérgio José Dulac Muller, e aparece nas páginas 3538-3541 do processo principal, e nas páginas 449-452 da ação em Novo Hamburgo onde foi encostado, fora do sigilo, que permite que reproduzimos aqui. Não coloco os nomes dos sócios da Colina do Sol que podem não querer ser identificados como tal (CNCS sempre contou com este desejo de não aparecer, como fator que assegurava impunidade para seus abusos). Dr. Sérgio, porém, somente prestou serviços profissionais: não é sócio, e pelo que diz, nunca visitou a Colina do Sol.
Testemunha: Sérgio José Dulac Muller, 68 anos, casado, desembargador aposentado e advogado, residente em Porto Alegre.
J: Aos costumes disse nada. Advertido e compromissado na forma da lei. (Lida a Denúncia). O senhor conhece o Frederick e a Bárbara? T: Sim.
J: Conhece eles da onde? T: O Fritz apareceu no escritório e nós nos perguntávamos como ele chegou ao escritório, talvez por alguma referência de algum outro cliente e em razão do fato que no escritório nós temos atendimento ao pessoal que vem de fora, estrangeiros e nós lidamos apenas com a parte de direito empresarial e ele chegou lá com a idéia que nós além da acessibilidade do idioma pudéssemos ajudá-lo na estruturação da sociedade da qual ele fazia parte, a nossa idéia era que pudéssemos dar apoio jurídico para a formatação técnica da associação, eu lidei com ele ocasionalmente e conversei com ele pessoalmente em não mais que em três ou quatro oportunidades.
J: No seu escritório? T: No escritório.
J: Este Clube Colina do Sol de Naturismo em Taquara o senhor desconhece? T: Eu sei da existência do Clube.
J: Conhece o ambiente? T: Nunca estive lá.
J: Era com relação a isso que ele pretendia fazer a regulamentação? T: Na verdade há um problema da conformação societária e há outro problema paralelo que é o da regularização do imóvel porque o imóvel que está registrado em nome de um, proprietário individual, mas o imóvel foi adquirido com financiamento feito por uma outra entidade e deveria ser rateado, deveria ser loteado em imóveis individualizados para os integrantes da associação e esta também seria uma atividade que seria desenvolvida pelo escritório. Mas há um outro detalhe que também num primeiro momento o escritório acompanhou, aliás foi quem iniciou uma ação ajuizada contra o SBT postulando uma indenização em função de uma reportagem que aos integrantes do Clube este pareceu injuriosa, então houve o ajuizamento da ação, acho que está em tramitação na comarca de Taquara e mais adiante com a mudança da administração houve a constituição de novos advogados e nós nos afastamos.
J: Ele era na época o presidente? T: Não sei se ele era o presidente, mas ele era pessoa que de certa maneira liderava isso, ele tinha uma personalidade curiosa, ele era oficial das Forças Armadas Americanas e está a me parecer que ele até passou para a reserva no posto de Almirante, ele era Piloto e não é o primeiro caso que eu conheço, eu também fui juiz e como juiz eu atuei em Novo Hamburgo e em Novo Hamburgo havia também um piloto aposentado ou afastado da Força Aérea Americana e que tinha combatido também no Vietnã e talvez isto reflita uma certa dificuldade na recomposição da vida civil.
J: A famosa neurose de guerra? T: Neurose pós-guerra ou coisa parecida, mas me parece que talvez tenha havido. isto, o Fritz no contato pessoal é uma pessoa absolutamente normal, centrada, sem dificuldades de comunicação.
J: Só fala inglês? T: Sim, não fala português.
J: A senhora dele a o senhor não conheceu? T: Não conheci, a dona Bárbara não conheci.
J: Dada a palavra à Defesa dos Réus Frederick e Bárbara. D: Quando o seu Sérgio mencionou que ele foi procurado pelo seu Fritz e um dos motivos seria a regularização do imóvel eu queria saber se o interesse do seu Fritz era a regularização? T: Sim, o interesse dele era que as coisas todas estivessem ajustadas do ponto de vista técnico-jurídico, ele tinha essa preocupação.
D: Se o depoente sentiu por parte do seu Fritz alguma intenção, alguma vontade de auxiliar aquela comunidade que ele estava vivendo? T: Ele tinha esta preocupação benemerente, ele entendia a grosso modo que ele tinha alguma missão por ser cumprida.
D: O senhor chegou a saber se o sei Fritz adotou um filho no Brasil? T: Só de conversas no escritório é que se falou que ele estaria encaminhando um processo de adoção, o que eu sei é que ele teria encaminhado aos Estados Unidos um dos garotos que estava por la e que ele patrocinava o processo de educação e parece que o menino teria ido para os Estados Unidos.
D: O senhor nunca chegou a presenciar o contato dele com crianças e adolescentes? T: Não.
D: Pelo que o senhor conheceu do seu Fritz o senhor acredita que ele poderia cometer o crime que está sendo acusado?
J: Isto é juízo de valor.
D: Em algum dos contatos que o senhor teve com seu Fritz o senhor percebeu algum comportamento na maneira de agir, de gesticular, algum comportamento que apontasse algum desvio sexual? T: Não, em primeiro lugar nós nunca conversamos a respeito desses aspectos mais íntimos, agora tanto quanto eu tive oportunidade de ter duas ou três conversas com ele, todas as conversas ou ficavam restritas aos aspectos profissionais, onde ele se revelava preocupado com a regularização dessas situações todas ou quando houvesse algum momento rato de conversa sobre alguma amenidade, ele me pareceu uma pessoa absolutamente centrada, ele não tinha assim desvios de atenção, ele sabia do que falava, quando ele fazia relatos inclusive a respeito de episódios da guerra eram coisas bem objetivas, ele não era pessoa que desviasse a conversa para uma área que mesmo o leigo pudesse perceber que aquela pessoa viajasse, ele não tinha estes desvios.
J: Dada a palavra à Defesa dos demais Réus. D: Nada a requerer.
J: Dada a palavra ao Ministério Público. MP: Nada a requerer.
J: Nada mais. (Pela Oficial Escrevente Estenotipista Ana Lucia Costa)
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