(Repostagem, com informações adicionais.)
Há duas escolas em Morro da Pedra. A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Dona Leopoldina atende até a quarta série. É morro acima, na Estrada da Grota, que leva para Colina do Sol, tão próximo que a pedaço de terra que Taquara adquiriu para construir a escola em 1990, saiu da mesma gleba de 24 hectares, que formou parte da Colina.
A diretora da Dona Leopoldina, Carla Jordana Ronnau Bomerich falou com a polícia nas primeiras dias depois das prisões do Quatro da Colina, e foi chamada para depor como testemunha de acusação.
Uma indício de qualidade de escola nos EUA é o número de crianças em cada sala de aula. No caso da escola Dona Leopoldina, parecem ótimas, entre 19 e 24 alunos.
Colégio Jorge Fleck
A estrada Integração passa pelo meio de Morro da Pedra, separando Taquara de Parobé. A Igreja Católica e seu Barracão ficam no lado Taquara da estrada, e no outro lado o colegio Jorge Fleck fica em Parobé.
A estrada Integração em frente ao Fleck é pavimentado com pedra ferro das pedreiras da região, e o ginásio da escola está encravado no morro, o paredão de arenito atrás com a marcas de extração.
Fui lá a primeira vez para a formatura no final de 2008. Fritz Louderback estava preso, e era o tipo de evento ao que ele compareceria. Dois dos jovens que constam no processo se formaram aquele noite. Um estava como "vítima", e outro como testemunha. Um terceiro - também "vítima" - tinha abandonado as aulas, mas ali estava para ver os amigos se formarem.
A formatura aconteceu no ginásio, onde o piso de tacos de peroba tinha sido instalado com verbas conseguido por Fritz Louderback. Estava cheio, não somente dos formados e seus pais, mas da comunidade toda, pois era realmente um evento comunitário.
Fui bem recebido por muito gente ai, "vítimas", pais, e vizinhos, e hostilizado por ninguém. Não deu para entender os pronunciamentos - meu português não conseguiu vencer os sotaques locais e a acústica do ginásio. Mas já ouvi discurso de formatura de colégio.
O jovem que ficou de testemunha é uma historia interessantes. Ele escapou de ser "vitima" porque as irmãs dele tinha também recebido os benzesses da ONG New Faces de Fritz Louderback, como bicicletas. Quando a mãe dele prestou depoimento em Porto Alegre, saiu do Palácio da Polícia pela porta de trás, porque a polícia não queria que a imprensa falasse com ela. É que na mentira da polícia e da corja da Colina, quem Fritz beneficiou "foi sempre meninos". Em qualquer linchamento, é bom sempre apresentar os acusados com "outro", e tachar os acusados de homossexuais foi uma maneira.
Gosto por matemática
Passei no Colégio Fleck de novo este setembro, e conversei com um grupo de alunos aguardando seus ônibus. Apesar da toda a ba-fa-fá do caso Colina do Sol, não tinham nenhuma hesitação em falar com um gringo mais velho, muitos querendo ensaiar um pouco do seu inglês.
O colégio tem um total de 8 salas, e funciona em dois turnos. Há nove professoras e um professor. Uma aluna da 8a série e outra da 5a disseram que tinha 30 alunos nas suas salas; outros alunos deram números de 22, 23, 26 e 27, todos tamanhos aceitáveis pelos padrões americanos.
Me surpreendi que vários dos alunos apontaram matemática como seu assunto predileto, uma dizendo "adora matemática" e destacando a professora Rosalia. Outra falou muito bem do professor, "senhor Chris". Vários dos meninos escolherem educação física com sua matéria preferida.
Uns dos alunos de Fleck tinham estudado antes na Dona Leopoldina. Outros disserem que vinham da escola de Morro Pelado, que é "muito bom" mas como Leopoldina, só vai até a quarta série.
Conforme a diretora, Marília, o limite de tamanho de turmas é de 35 alunos, mas "Aqui no interior é diferente, e a turma maior atualmente é de 30." Notou sobre a matemática que "muitos reclamam da disciplina."
Perfil dos alunos
Marília diz que o colégio varia de ano em ano, mas que mais meninos do que meninas estudam. "Todos que estão na idade escolar, cujos pais entendem a necessidade." Atualmente é 325 alunos entre os dois turnos, o da manha sendo maior.
Sobre o desafio de dirigir o Colégio, ela disse que "Até sendo no interior é mais fácil trabalhar. Há um entusiasmo maior." A diretora é da região, e vários dos jovens com que falei durante meu trabalho são parentes dela.
Transporte escolar
As crianças das redondezas antigamente iam a pé ou de bicicleta, algumas andando vários quilômetros, mas agora a prefeitura leva de perua, ou "Topic" na linguagem local. A diretora da escola diz que oito anos já há transporte escolar.
Numa certa época uma perua parava na porta da Colina do Sol para levar as crianças naturistas para as aulas, mas isso foi antes da corja afastar quase todo mundo do lugar.
Indo além da oitava série
Conforme as crianças, a maioria para na oitava série. Os jovens de Morro da Pedra que continuam seus estudos depois da 8a série vão para Taquara, Parobé, ou Sapiranga, 15 quilômetros distante.
A melhor escola pública de Taquara é CIMOL. Antes da chegada de Fritz na Colina, nenhuma criança de Morro da Pedra conseguiu entrar no CIMOL. Cristiano Fedrigo entrou; Cleiton vai se formar este ano; e outros dois que se formaram no Fleck ano passado entraram. Há e haverá outros, que conseguiram quebrar o ciclo de pobreza.
Nossa será mesmo que o piso da escola foi patrocinado por Fritz,não seria o do barracão,que mesmo assim foi com dinheiro de fora e que levou o nome e fama foi ele,ja que nunca foi bem visto pelos moradores do Morro da Pedra,ou melhor aqueles instruidos e não os coitados ignorantes que ele sempre comprou!!!!
ResponderExcluirFritz conseguiu recursos do exterior tanto para a reforma do Barracão quanto para o piso do ginásio do Jorge Fleck. A Câmera de Vereadores de Parobé votou um elogio dele para a ajuda ao Fleck, e um vereador de Parobé serviu como testemunha de defesa no processo.
ResponderExcluirMuita ajuda à comunidade saiu do bolso do Fritz. O piso do ginásio, não. Mas ele entende que americano quer saber de orçamento, e do benefício produzido. E ele sabe fazer acontecer.
Graças a Deus existem pessoas boas e com coragem de lutar contra essas injustiças do caso Colina. Confesso que fiquei com muito medo da corja da Colina, principalmente depois dos relatos de coação e pela capacidade de manter inocentes tanto tempo na cadeia. Não sabia em quem confiar e me afastei do naturismo. Talvez eu devesse aderir ao peladismo :-), pois o naturismo no Brasil está profundamente maculado.
ResponderExcluirAdmiro a coragem de pessoas como o Richard que tanto luta pela verdade e do Silvio Levy, que explicou claramente a armação em artigos no jornal Olho Nu, inclusive citando os nomes dos integrantes da corja (mas infelizmente sei que há mais simpatizantes da corja). Eu tenho que admitir com vergonha que não teria tanta coragem de enfrentar esses bandidos, que fazem até ameaça de morte.
Parabéns por tudo! Espero que com o tempo eu possa readquirir a confiança no naturismo brasileiro.
Eu me formei na Jorge Fleck em 2008, e ao que me lembro, as vítimas, não eram meus colegas. A formatura das vítimas não era em 2008.
ResponderExcluirHouve várias "vítimas" de Morro da Pedra, todos dos quais negaram as acusações, que partiram de desafetos e devedores na Colina do Sol. Mantenho as informações dados aqui sobre os três que se formaram ou deveriam ter se formado em dezembro de 2008. Porém, não veja necessidade de postar seus nomes.
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