Delegado Juliano Brasil Ferreira disse primeiro de que os micros pegos no caso Colina do Sol estavam cheios de pornô. Depois, disse que não dava para acessar-los pois estavam criptografadas.
Das duas uma: ou dava para ver este pornô, ou não dava para ver nada. As duas afirmações não podem ser verdadeiras. De fato, ambas são falsas: não há pornô, e os micros não estavam criptografadas.
E nada de "o delegado cometeu um equívoco". Os documentos comprovam que o delegado Juliano Brasil Ferreira mentiu, e sabia que estava mentindo. Ele mentiu para a imprensa, mentiu para o Senado, e mentiu para a Justiça.
Já comprovamos que o delegado mentiu quando disse que encontrou pornografia no CDs.
No relatório do delegado
No relatório final da sua "investigação", delegado Juliano informou que
[...] e ainda 7 (sete) computadores criptografados. Apenas para consignar, uma pessoa comum, devido a complexidade, jamais criptografa seus documentos eletrônicos, por mais sigiloso que seja o material. Para optar por essa precaução, a criptografia, algo de muito grave ou criminoso deve constar em tais computadores. Esses materiais de informática foram encaminhados ao Departamento de Criminalística para exame pericial e ainda não obtivemos resposta.
Tudo leva a crer que nesses computadores estão as provas cabais de tráfico de crianças e do crime previsto no art. 241 da Lei n. 8069/90 [...]
fls 150 (NH)/560 (Taquara)
O delegado sabia do micro do Fritz
O relatório, sem data, foi colocado no inquérito no dia 4 de janeiro. O que delegado Juliano sabia no dia 4 de janeiro?
O Laudo Pericial nº 27276/07 sobre o micro de Fritz Louderback foi completado dia 29 de dezembro. Os peritos afirmam que:
4. Conclusão
Passamos a concluir o Laudo respondendo o quesito pertinente como segue.
"QUAL O CONTEÚDO, ARQUIVOS, HD E PARA QUE SERVEM?"
R.:Conforme descrito anteriormente, este laudo não está completo, ou seja, a perícia no disco rígido descrito continuará e um laudo pericial será gerado. No entanto, algumas imagens e informações de acesso a vídeos e imagens e consideradas úteis para a investigação. Para que isso fosse possível foi realizado contato com a Delegacia que solicitou a perícia. Os dados considerados relevantes são descritos no item 2.2 e no anexo.
O laudo disse ainda;
Foi encontrado o software BestCrypt, que conforme o site do fabricante (https://www.jetico.com), realiza criptografia de arquivos, entre outras coisas. Porém a análise deste software bem como dos possíveis dados cifrados por ele não foi realizado neste laudo preliminar.
Porém, como já destacamos antes, enquanto a perícia encontrou software de criptografia, não encontrou arquivos criptografados. É a diferença entre encontrar uma churrasqueira, e encontrar um churrasco, ou encontrar uma arma, e encontrar uma vítima baleado. Este laudo não afirma que nenhum arquivo criptografado foi encontrado no computador. E não seria crime, ou indício de crime, se fosse.
Os outros micros
O delegado fala de sete micros; mas já mostramos que o numero de micros com discos rígidos - com algo para vistoriar - é seis. Além disso, há dois HDs externos.
Há laudos sobre quatro destes outros cinco micros. Não há menção sequer de criptografia nos laudos.
Destes outros cinco micros, um laudo mostra que dois foram desligados no dia das prisões, as 15:13 e 15:24, outro laudo que um outro foi desligado "em 11/12/2007 às 16h25min". É notório que as prisões acontecerem em volta de 07:00 de manha. Os laptops foram levados aquela manha para a Delegacia de Homicídios em Porto Alegre junto com Fritz, Barbara, André e Cleci. Estes três micros foram, então, ligados pela polícia, que então sabiam perfeitamente que não estavam trancados com criptografia.
Um quarto micro foi desligado pela última vez em 10/12/2006, conforme o laudo: ou um erro de digitação, ou um micro enconstado mais de ano. Porém, igualmente sem pornografia nem criptografia.
Há ainda o micro de Dr. André Herdy, sobre qual não há nenhuma laudo ainda. Ele afirma que dois dos fotos que foram impressos e colocados no processo, existiam somente em um lugar deste mundo, numa pasta no desktop do computador dele. Para ter colocado este foto no processo, a polícia precisava ter acessado o micro dele.
A polícia tem a "fé pública", a presunção que fala a verdade, até comprovado o contrário. Já expomos aqui amplas provas que o delegado Juliano Brasil Ferreira e seu equipe mentiram a torta e a direta neste inquérito.
É tradicional que jornalista presume que o acusado mente; o acusado sempre "alega". Este presunção não levou à verdade no caso Colina do Sol, então vamos dar ao Dr. André não somente a presunção de inocência que a Constituição garante, mas a presunção de que ele está falando a verdade nisso. Um eventual laudo sobre o micro dele deve apontar a data que foi desligado, mas podemos presumir que dele, também, a polícia tinha ciência: sem criptografia e sem pornografia.
Relatório do FBI
O disco rígido do micro de Fritz foi também remetido para examinação pelo FBI americano. O relatório disse que encontrou três arquivos criptografados pelo software BestCrypt. Porém, como explicados no mesmo postagem (onde traduzimos não somente o inglês, mas também o informatiques) conforme o site do fabricante, trata-se de resíduos do programa BestWipe que limpa o disco rígido.
Discos externos
Além dos seis micros, há dois discos externos - um de 20 GB e outro de 100 GB - que não pertencem nem ao Fritz Louderback, nem ao Dr. André Herdy, nem aos seus familiares. Fritz diz que um dos discos era utilizado pelo finado Dana Wayne Harbour, e talvez armeniza as provas dos fraudes do Hotel Ocara. O outro disco, ele nunca viu antes.
Há no processo Laudo Pericial nº 9677/08 da IGP/IC de 28/03/2008 sobre o disco maior, de 100GB, e há o relatório do FBI que trata dos dois discos. O laudo gaúcho diz que:
Foram encontrados três arquivos criptografados com o software BestCrypt (arquivos com formato extensão JBC) denominados "meus amigos.jpg.jbc", "mpstuff.jbc" e "Tests.jbc".
Infelizmente, o laudo não fala da data dos arquivos, nem dos tamanhos: este último dado é verificável, com ou sem criptografia.
O relatório do FBI examinou este disco, mas não fala deste arquivos. Do outro disco, o de 20GB, fala que encontrou dois arquivos, e dá tamanhos, ainda que errados (só pode ser bytes, e não megabytes):
- Nome: Tests2.jbc, aproximadamente 2.147.483.648 MB, localizado em c:\
- Nome: Test.jbc, aproximadamente 2.147.483.648 MB localizado em c:\
A realidade do criptografia
Vimos então, de que há, entre todas as matérias apreendidos, cinco arquivos criptografados, somente nos discos externos, não nos micros com donos conhecidos. Aparentemente ocupam algo como 5% do espaço nestes discos. Não sabemos os datas, mas pelos nomes, trata-se de algum teste.
Mas desmente, cabalmente, o relatório do delegado Juliano Brasil Ferreira.
O delegado fala da criptografia para a imprensa
"Criptografia" foi uma tecla em que o delegado bateu quase desde o primeiro momento. Desde, parece, o momento em que percebeu que não tinha testemunhas nem evidência contra as pessoas que tinha prendidos com tanto publicidade.
Vimos no Zero Hora, um afirmação feito dois dias depois as prisões:
Hoje, Ferreira deve pedir a prorrogação por mais cinco dias da prisão temporária dos quatro suspeitos. O laudo da análise feita por uma psicóloga com seis crianças, para confirmar se elas foram abusadas, e a perícia em sete laptops apreendidos com o casal norte-americano, nos quais haveria fotos criptografadas, ficam prontos hoje.
ZERO HORA, 14/12/2007, via www.ccr.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=2069 [link broken]"
Já falamos da falsa psiquiatra Dra. Heloisa Fischer Meyer. Afirmar que "haveria fotos criptografadas", é como falar de um cofre "haveria jóias e diamantes". Antes de abir o cofre, ou o arquivo, não há como afirmar o que haveria dentro.
E como mostram os laudos dos seis (não sete) micros, sabemos que rigorosamente, não há fotos criptografadas neles.
Quando o delegado entregou seu relatório, ele fez declarações para a imprensa. Vimos do Correio do Povo:
Seis pessoas indiciadas por pedofilia
O maior caso de pedofilia registrado no Estado e com repercussão mundial teve ontem importante passo dado pela Polícia Civil: o envio do inquérito, com 531 páginas, que indicia o casal norte-americano Frederic Calvin Louderback, o Fritz, 64 anos, e Barbara Louise Anne, de 72, por atentado violento ao pudor, corrupção de menores, formação de quadrilha e divulgação de cenas de sexo com crianças e adolescentes, à Justiça de Taquara.
Responsável pelas investigações que duraram 11 meses na chamada Operação Predador, o delegado Juliano Ferreira, da Delegacia de Homicídios do Deic, mostrou à imprensa parte das milhares de fotografias encontradas em cerca de 30 CDs e três dos quatro computadores apreendidos na cabana dos acusados no interior da Colônia Naturista Colina do Sol (CNCS), no Morro da Pedra, em Taquara. 'As imagens são chocantes', revelou o delegado. As fotografias mostram meninos e até bebês – sempre do sexo masculino –, em poses obscenas, violações, atos sexuais e perversões, entre si ou com adultos não identificados. A maioria do material fotográfico é proveniente do exterior, o que aponta indícios de envolvimento do casal com uma rede internacional de pedofilia – o que poderá ser confirmado com o desbloqueio da criptografia dos computadores restantes sob perícia do Departamento de Criminalística. Há fotografias que mostram algumas das 12 vítimas de abusos, entre 8 e 12 anos, da comunidade de Morro da Pedra, presentes no inquérito.[Correio do Povo, 05/01/2008], via www.anuarioeducativo.iela.ufsc.br [link broken]
Há um verdade aqui, de que há fotografias que mostram algumas da 12 "vitimas". São tipo 3x4, em fichas que dão permissão para que freqüentassem a Colina do Sol.
E, de novo, temos o paradoxo - se os computadores são bloqueados com criptografia, como que é que haveria fotos encontrados neles?
Como o delegado disse, o Departamento de Criminalística poderia confirmar suas afirmações. Não confirmou. Desmentiu o delegado.
Mas até agora, os laudos estavam sob o "sigilo de Justiça", e suas mentiras não foram desmascaradas. E com certeza, ele contava com isso, e e anunciou suas mentiras em frente aos holofotes, confiante que a verdade seria amordaçada.
E, de novo, o laudo do Instituto Criminalista comprove que não houve nada nos CDs. Foi outro mentira do Sr. Delegado.
Mentiras
Vamos repetir, mais uma vez, em alto e bom som.
Quando o Delegado Juliano Brasil Ferreira, na época titular do Departamento de Homicídios da Polícia do Rio Grande do Sul, afirmou que os computadores apreendidos no caso Colina do Sol estavam bloqueados com criptografia, ele mentiu.
Mentiu no sentido "mentiu". O que ele disse era falso, e ele tinha plena ciência que era falso.
Quando o delegado Juliano Brasil Ferreira disse que encontrou pornografia infantil nos computadores apreendidos no caso Colina do Sol, ele mentiu.
Era falso, e ela sabia quer era falso.
O delegado mentiu no relatório do inquérito, e portanto mentiu para a Justiça.
O relatório foi transmitido pelo CPI de Pedofilia do Senado Federal, e portanto colocou senador Magno Malta bancando o ridículo, exigindo que Fritz Louderback destravasse um computador que nem sequer estava travada.
Juliano Brasil Ferreira mentiu, portanto, para o Senado.
E o delegado mentiu também para a imprensa, que falta ou a inteligência ou a coragem para questionar as bobagens ditas por um Fonte Oficial.
Digo, e repito, e assino em baixo: delegado Juliano Brasil Ferreira mentiu quando ele disse que os computadores apreendidos no caso Colina do Sol fossem criptografados, e mentiu quando disse que ele encontrou pornografia infantil.
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